segunda-feira, 24 de abril de 2017

OLHANDO COM OS SEUS OLHOS OS MEUS PROBLEMAS - José Souto Tostes

Na avaliação de desempenho em funções empresariais o responsável por decidir quem sobe e quem desce na empresa faz a avaliação calcada em seus valores pessoais. Isso é incontestável, não tem como ser diferente. Bom seria se eu tivesse como implantar meus olhos em você e ver os meus problemas como eu vejo.

As redes sociais implantaram, na sociedade, o poder do julgamento. Você abre qualquer das principais redes (Facebook, Twitter e LinkedIn) e os julgamentos estão todos lá. A presente discussão visa levantar a bandeira da autoavaliação e sua importância no desenvolvimento do colaborador no mundo empresarial.

Tomemos por base a vida familiar. Muitos desencontros, vamos chamar assim as brigas de casais e os desencontros entre filhos, se dão porque a visão de cada um envolvido na contenda sobre o assunto objeto do debate, é diversa.

A Rede Globo voltou a explorar o tema ditadura militar. Mostra um casal que se ama, onde os pais da moça não concordam com as posições políticas do escolhido, do pretendente a manter uma relação com ela.

A novela mostra os dois lados. Não mostra só o lado do pai, vivido por Antonio Caloni. Mas ele, como pai, tem sua visão pessoal do caso. 

Apesar de emblemático, a grosso modo, na empresa também os problemas são avaliados assim. Eu vejo com os meus olhos, com a minha visão. Fosse a vida empresarial como as novelas, nós teríamos a versão do outro. Nós conheceríamos a real situação vivida pelos personagens.

Na empresa, quem julga, geralmente não conhece como a coisa funciona na prática. Não sabe a dor de ficar horas e horas exposto ao sol, não sabe como é difícil para o moto boy deslocar-se do banco para a repartição pública, da repartição para a empresa. 

Pode até parecer óbvia essa visão, claro que você sabe disso ao avaliar o seu colega, mas a cada dia vejo mais injustiças sendo cometidas em nome das verdades de cada gerente ou líder de empresa. Vejo meus próprios erros de avaliação. Contratos que são perdidos por falha na operação, sempre se buscam os "culpados" e as desculpas começam quando o gerente daquele contrato tem que se explicar com o diretor e até com acionistas.

As desculpas fazem parte do ritual empresarial, como se fossem perdões pré-obtidos por quem falhou no momento em que não deveria falhar. 

A regra deveria ser ponderar mais, apurar com rigor, verificar todas as hipóteses antes de decidir. Promover quem merece e não aqueles que seguem fórmulas de sucesso na escalada dentro da empresa. Essas fórmulas possibilitam incapazes de gerir grandes corporações, sem nunca ter ido no chão da fábrica.

Desenvolver autocrítica e capacidade de se autoavaliar deve ser premissa para qualquer profissional que um dia almeja ser grande. Implante os olhos dele no lugar dos seus, veja como ele vê, sinta o calor do chão da fábrica, depois conversamos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário